A Umbanda, como toda religião que nasce fora dos centros de poder, enfrenta muitos preconceitos e mal-entendidos. Por ser uma religião brasileira, de raízes populares e marcada pela herança africana, indígena e espiritualista, a Umbanda muitas vezes foi alvo de discriminação e perseguição, especialmente durante o século XX. Ainda hoje, existem muitos mitos em torno de suas práticas, o que gera medo e desinformação. É importante, portanto, esclarecer o que é mito e o que é verdade, para que a Umbanda seja compreendida em sua essência.
Um dos mitos mais comuns é associar a Umbanda à “magia negra” ou a práticas maléficas. Essa visão surgiu em parte da ignorância, em parte do racismo religioso, que desqualificava qualquer manifestação de matriz africana. Na realidade, a Umbanda tem como princípio básico a prática da caridade e o trabalho para o bem. Seus guias espirituais não incentivam vingança nem maldade; ao contrário, orientam as pessoas para a paz, a superação e a fé.
Outro mito diz respeito ao uso de sacrifícios animais. Ao contrário do Candomblé, que em algumas tradições preserva essa prática como parte de sua liturgia ancestral, a Umbanda não realiza sacrifícios. Seus rituais são simples, baseados em cantos, rezas, velas, ervas e elementos da natureza. A força da Umbanda está na fé e na energia transmitida pelos guias e pelos médiuns, não em oferendas sangrentas.
Também é comum pensar que a Umbanda seja uma religião “fechada” ou restrita a iniciados. A verdade é exatamente o oposto. Qualquer pessoa pode entrar em um terreiro, participar de uma gira, assistir ou receber atendimento. Não há exigência de conversão, de batismo ou de compromissos obrigatórios. A Umbanda é aberta, inclusiva e acolhedora, justamente porque nasceu com a proposta de atender a todos que precisassem de auxílio.
Há ainda quem imagine que frequentar um terreiro seja perigoso, por causa das incorporações. Esse medo é fruto do desconhecimento sobre a mediunidade. Na Umbanda, os trabalhos são conduzidos por dirigentes experientes, que zelam pela ordem espiritual e pela segurança dos médiuns e frequentadores. As incorporações não são descontrole ou “possessão”, mas um processo natural de comunicação entre espíritos e médiuns, feito dentro de um ambiente protegido e sagrado.
Por fim, é importante ressaltar que a Umbanda não se opõe a outras religiões. Pelo contrário, ela reconhece e respeita diferentes formas de fé. Não é raro encontrar no congá imagens de santos católicos, ao lado de símbolos dos Orixás e elementos do espiritismo. Essa convivência mostra a essência inclusiva da Umbanda, que não busca rivalidade, mas cooperação.
Compreender esses pontos é fundamental para desfazer preconceitos. A Umbanda é uma religião de luz, que busca ajudar as pessoas a viver melhor, oferecendo apoio espiritual, orientação e conforto. Conhecer seus rituais e participar de uma gira é, muitas vezes, a melhor maneira de perceber que aquilo que parecia misterioso ou assustador é, na verdade, algo profundamente humano e acolhedor.
